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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

FALA INTERNAUTA:

POR SAMUEL MACHADO.


Caro amigo Adriano: interessante seu comentário sobre a péssima qualidade da programação das emissoras de televisão aberta atualmente. Aproveitando o ensejo, gostaria de lhe relatar um fato inacreditável, mas que aconteceu de verdade, no SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), de propriedade do Sílvio Santos, que este mês completa 30 anos de existência.

O fato em questão aconteceu exatamente em 1983. Nessa ocasião, a emissora só tinha um único telejornal diário, chamado "Noticentro", com parcos 30 minutos de duração. Em junho daquele ano, segundo estatística publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", a então TVS (marca que designava as emissoras próprias do SBT até 1990), a empresa dedicava apenas 3,7% de sua programação ao jornalismo, ou seja, 1,9% abaixo do percentual ainda hoje estipulado por lei, que é de 5%, enquanto as outras seis TVs existentes em São Paulo na época dedicavam mais de 10% cada uma a essa atração.

 Pois foi exatamente no mês de novembro daquele ano, na semana do feriado da Proclamação da República (14 a 19/11/1983) que aconteceu algo nunca antes imaginado: o "Noticentro" simplesmente NÃO FOI APRESENTADO! Nessa faixa de horário (18h30, 19 horas), Silvio Santos introduziu uma faixa de novelas (mexicanas, é claro) e o jornalismo absurdamente não ocupou um minuto sequer da programação! Descumpriu a legislação ainda hoje em vigor, deixou de noticiar inúmeros fatos importantes daquela semana e, o pior, não foi sequer punido pelo Ministério das Comunicações!

Talvez isso tenha se dado porque o então presidente da República João Figueiredo, o último do ciclo militar, era amigo pessoal de Sílvio Santos, além de ter lhe dado a concessão do SBT (lembra da "Semana do presidente", que passava de domingo no programa do Silvio?), além do que a mulher de Figueiredo, dona Dulce, era fã incondiconal do então homem do Baú. Adriano, juro que isso é verdade! Pela primeira vez na história da televisão aberta brasileira, uma emissora, e ainda cabeça de rede, ficou uma semana sem apresentar jornalismo em sua programação, e não foi nem sequer punida por isso! O fato é que, em 21 de novembro de 1983, o "Noticentro" voltou ao ar, desta vez na tardia faixa das 23h30, e assim ficou até agosto do ano seguinte, 1984, quando retornou ao horário nobre (19h25), antecedido por um informativo local, ficando o horário das 23h30 para o "Jornal 24 Horas".

E olha, Adriano, esse é apenas um exemplo do descaso com que o SBT tratava o jornalismo, já nos primórdios de sua existência. Pelo menos essa semana de desinformação total deu-se na sede da rede, em São Paulo, não sei se isso também aconteceu em outros estados. Mas eu lhe garanto, Adriano: isso EU VI! Aquele abraço do seu amigo SAMUEL MACHADO FILHO - Recanto dos Colibris, Ribeirão Bonito, SP.

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