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segunda-feira, 27 de julho de 2015

Digitalização do FM volta a receber atenção do governo

A digitalização ficou em segundo plano por causa da migração das emissoras que operam em AM para FM.

No começo de julho, o Ministério das Comunicações acionou secretarias e departamentos para que voltem a estudar a Digitalização do rádio FM, tema que o governo guarda na gaveta há cerca de um ano.

O ministério ainda não sabe se para digitalizar será preciso desocupar faixa, por exemplo. Mas são esperados benefícios, como ampliação do sinal, qualidade de transmissão e melhor uso do espectro.

“A digitalização ficou em segundo plano por causa da migração [de AM para FM], mas isso não impede a digitalização do FM em transmissão e recepção. Descartar a digitalização é como imaginar o celular no sistema analógico”, disse ao Valor, Paulo Machado de Carvalho Neto, sócio e diretor da Rede Jovem Pan, e presidente da Associação das Emissoras de Rádio e Televisão de São Paulo (AESP).

Mas, para Eduardo Cappia, diretor de rádio da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET), não há futuro para a digitalização. “A internet já transmite o conteúdo do rádio, o que dispensaria esse movimento”, diz ele. A questão, afirma Cappia, não é só o aparelho, mas o próprio conteúdo, que pode ser acessado de várias maneiras. Um exemplo é o motorista que pode obter informações sobre o trânsito em seu celular.

O aparelho de rádio tradicional vem sofrendo concorrência de outros meios, como o próprio celular, que tem receptor FM embutido – exceto o iPhone da Apple, que não tem a função liberada pela empresa -, tocadores de música, como o iPod, a TV por assinatura e o rádio híbrido, que capta a transmissão por ar e por aplicativo.

“Nossa grande luta é para que o rádio seja gratuito também no iPhone”, disse Cappia. “Tentamos sensibilizar as teles, porque elas têm de concordar em perder [receita] os dados pela recepção”.

O ápice do interesse mundial no assunto foi entre 2004 e 2006, quando a internet ainda engatinhava. No Brasil, foram feitos testes de dois sistemas, mas depois o assunto esfriou.

“Nos EUA, só 15% das emissoras optaram pela digitalização”, disse Cappia. A tecnologia digital adotada no país foi IBOC (sigla em inglês para In-Band O-Channel), mais voltada para FM. Para AM, a opção tecnológica seria DRM (Digital Radio Mondiale), de padrão aberto. A baixa adesão nos EUA desestimulou o governo brasileiro”, disse ele.

Em relação à digitalização do rádio, o grupo Globo participou das primeiras experiências com os sistemas no Brasil (IBOC e DRM). “Entendemos que ambos têm prós e contras, estamos acompanhando com atenção os testes e avaliando custos e benefícios”, informou Irene Junqueira, diretora de Negócios Musicais e Mídias Digitais do Sistema Globo de Rádio.

Para o grupo Globo, o meio digital pode vir a ser mais relevante do que o próprio rádio digital. “Os aplicativos podem se tornar um substituto natural dos rádios, por exemplo, integrados aos carros e a outros dispositivos conectados. No meio digital é possível trabalhar melhor para adaptar os serviços aos clientes, e o segmento sob demanda ganha força”, disse Irene.

“O off-line continua sendo importante e ainda tem uma enorme penetração no Brasil, mas podemos observar um grande crescimento no consumo das mídias digitais”, disse a executiva.


FONTE: SITE BIQUAD