Noite de quarta-feira no Estádio Presidente Vargas. Em partida pelo Campeonato Cearense, Uniclinic e Maranguape travavam duelo diante de 65 espectadores. Clima pacato, gente papeando, pequenas manifestações típicas de torcedor. Mas, no meio do mar de assentos azuis vazios, um rapaz mostrava concentração ímpar diante de tudo que ocorria nas quatro linhas. Chamava atenção por falar frases em inglês ao celular e anotar cada jogada importante. Essa figura é o advogado Alexandre Marques, 24, que trabalha com algo completamente inusitado no futebol cearense: transmite jogos locais para sites internacionais de apostas.
Em 2013, através de oferta de emprego num fórum virtual, o cearense passou a representar em Fortaleza a empresa inglesa Real Time Sportscast, especializada em fornecer informações de eventos esportivos para grandes centros de apostadores de todo o mundo.
"Tem muito estrangeiro apostando em tudo que é jogo, inclusive nos jogos daqui do Ceará. Eu relato do estádio jogos de Campeonato Cearense, Taça Fares Lopes, Cearense Feminino, e até partidas do Basquete Cearense", conta Alexandre em conversa com O POVO.
A recompensa pela cobertura de jogos para os apostadores é boa, ele garante. Pelos registros das competições estaduais, a empresa britânica paga 45 euros por jogo - valor superior a R$ 200. Por jogos de Campeonato Brasileiro, Copa do Nordeste e Copa do Brasil, o valor pode até superar os 50 euros.
"Dá para tirar uma renda muito boa. Às vezes chego a fazer oito jogos em 15 dias (cerca de R$ 1.600 em duas semanas)", revela o profissional.
No Brasil todo, conta o advogado, são mais de 90 pessoas contratadas pelos ingleses para prestar o serviço. Além dele na Capital, no Ceará a RTS conta com representantes em Juazeiro do Norte e Sobral.
Trabalho exige rotina específica e cuidados
A rotina de Alexandre Marques no futebol é bem específica, tal como manda a cartilha dos sites de aposta. Antes do início da partida, ligam para ele diretamente da Inglaterra.
Chega bem cedo, compra o ingresso e busca sentar num local de boa visão para o campo. Sua missão durante os 90 minutos é narrar com comandos em inglês o que acontece na partida.
Números de escanteio, placar no primeiro tempo, placar final, quantidade de ataques. Cada registro é computado pelo jovem informante e apresentado no saldo consolidado após o fim das partidas.
"As pessoas só não apostam em algum jogador específico porque realmente eles não conhecem os elencos dos times daqui", pontua.
Para que tudo ocorra bem, o correspondente vai ao estádio prevenido: leva dois celulares com baterias carregadas, para não ter como ficar incomunicável. Mesmo assim, por cobrir torneios com carências estruturais como o Estadual, ele já passou por sufoco. “Certa vez teve um jogo em Horizonte, pelo Cearense, que só tinha uma ambulância. O jogador se machucou e o jogo ficou interrompido durante uns 25 minutos. E foi difícil explicar para eles o que estava acontecendo. Eles não conseguiam entender como um jogo era realizado daquela forma, não acreditavam no que estava acontecendo”, conta.
Precário ou não, fato é que o futebol cearense é nicho visado por aficionados por apostas no esporte ao redor do planeta. Segundo Alexandre, é gente que colocaria muito mais público em PV ou Castelão do que qualquer um desses confrontos do futebol cearense. "O que posso dizer é que a audiência é muito maior do que a que está ali no estádio". Perguntado se as equipes têm ciência desse tipo de negócio, o profissional sorri. "Nenhum envolvido na partida sequer imagina que tem alguém lá na Coreia do Sul sonhando com um gol do Uniclinic".
Em 2013, através de oferta de emprego num fórum virtual, o cearense passou a representar em Fortaleza a empresa inglesa Real Time Sportscast, especializada em fornecer informações de eventos esportivos para grandes centros de apostadores de todo o mundo.
"Tem muito estrangeiro apostando em tudo que é jogo, inclusive nos jogos daqui do Ceará. Eu relato do estádio jogos de Campeonato Cearense, Taça Fares Lopes, Cearense Feminino, e até partidas do Basquete Cearense", conta Alexandre em conversa com O POVO.
A recompensa pela cobertura de jogos para os apostadores é boa, ele garante. Pelos registros das competições estaduais, a empresa britânica paga 45 euros por jogo - valor superior a R$ 200. Por jogos de Campeonato Brasileiro, Copa do Nordeste e Copa do Brasil, o valor pode até superar os 50 euros.
"Dá para tirar uma renda muito boa. Às vezes chego a fazer oito jogos em 15 dias (cerca de R$ 1.600 em duas semanas)", revela o profissional.
No Brasil todo, conta o advogado, são mais de 90 pessoas contratadas pelos ingleses para prestar o serviço. Além dele na Capital, no Ceará a RTS conta com representantes em Juazeiro do Norte e Sobral.
Trabalho exige rotina específica e cuidados
A rotina de Alexandre Marques no futebol é bem específica, tal como manda a cartilha dos sites de aposta. Antes do início da partida, ligam para ele diretamente da Inglaterra.
Chega bem cedo, compra o ingresso e busca sentar num local de boa visão para o campo. Sua missão durante os 90 minutos é narrar com comandos em inglês o que acontece na partida.
Números de escanteio, placar no primeiro tempo, placar final, quantidade de ataques. Cada registro é computado pelo jovem informante e apresentado no saldo consolidado após o fim das partidas.
"As pessoas só não apostam em algum jogador específico porque realmente eles não conhecem os elencos dos times daqui", pontua.
Para que tudo ocorra bem, o correspondente vai ao estádio prevenido: leva dois celulares com baterias carregadas, para não ter como ficar incomunicável. Mesmo assim, por cobrir torneios com carências estruturais como o Estadual, ele já passou por sufoco. “Certa vez teve um jogo em Horizonte, pelo Cearense, que só tinha uma ambulância. O jogador se machucou e o jogo ficou interrompido durante uns 25 minutos. E foi difícil explicar para eles o que estava acontecendo. Eles não conseguiam entender como um jogo era realizado daquela forma, não acreditavam no que estava acontecendo”, conta.
Precário ou não, fato é que o futebol cearense é nicho visado por aficionados por apostas no esporte ao redor do planeta. Segundo Alexandre, é gente que colocaria muito mais público em PV ou Castelão do que qualquer um desses confrontos do futebol cearense. "O que posso dizer é que a audiência é muito maior do que a que está ali no estádio". Perguntado se as equipes têm ciência desse tipo de negócio, o profissional sorri. "Nenhum envolvido na partida sequer imagina que tem alguém lá na Coreia do Sul sonhando com um gol do Uniclinic".